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Mostrando postagens de setembro, 2016

Amor putrefato

Quando percebemos que não significamos mais. É duro aceitar que o afeto não foi suficiente, que a vida encarregou-se de confundir. Meu corpo não mais será tocado. Todo prazer deve ser dele apartado. Já não há esperanças para plantar em meu jardim. Em meu quarto há uma perene escuridão, e nela me afogarei. Não, Tchay! Não há mais motivos para ouvir tuas concertos! Não enxergo o amor que me apresentasse um dia! Hoje só há essa dor que assola meu peito. As emoções me agarrou por trás, prendeu-me o fôlego e fugiu. Percorri um árduo caminho. Chorei duras lágrimas. Senti falta dos sorrisos sinceros. Da esperança que havia em teus olhos. Ansiava por um beijo, mas nem carinho recebi. Acusou-me de coisas terríveis, que nem se quer pensei. Se apaixonar por uma luz ofuscada pela dor, não é fácil. Os vermes secam só de alcançar o aroma putrefato desse sentimento. Nefasto sorriso deu-me. Horrendo e fracassado desejo, roubaste o viço desta jovem que chora estas palavras. Chamou-me.

Sobre o medo

Disseram-me que o medo nos protege. Descobri, recentemente, o equívoco dessa afirmativa. O medo não é uma espécie de proteção. Como pode algo que nos anula nos proteger? O medo nos expõe, muitas vezes ao ridículo. Ao mais vergonhoso traço de nossa personalidade. Nunca vi alguém que vive com medo estar livre da humilhação resultante de seus atos. Nunca senti verdade no olhar de quem tem medo. Quem tem medo se esconde, pelo risco da vulnerabilidade. Não insistam em me dizer que o medo nos faz bem. Não falo daquele medo de percorrer - sozinha - estradas desconhecidas. Falo desse medo de falar sobre os nossos sentimentos. Falar do que sentimos, de fato. É muito difícil, é muito cruel. Quem quer dizer que transa por desejo, quando só transa por amor? Nossos jovens são cruéis. Mataria a alma daquele que assume tal narrativa. Então, não venham me dizer para não ter medo! Eu tenho medo! Sou medrosa mesmo! Tenho medo de encarar o amor, me camuflo numa postura confusa que não