Sempre achei que aos 25 eu estaria morando na minha casa, vivendo do meu trabalho. Porém, a gente se engana na vida. Eu fracassei, é a sentença que ecoa em minha mente. A sociedade cobra muito da gente, e nosso meio familiar e social está inclinado a fazer essa cobrança. Contudo a conta é muito alta e o saldo é sempre inferior ao débito. Eu vivo sendo cobrada por todos. Ninguém está insento de me fazer tal cobrança, é tão espontâneo que eles nem percebem. Os dias vão se arrastando e depois de ser tão questionada vou desenvolvendo monstros dentro de mim, a psicologia chama de transtornos e eles são bem presentes em minha vida, estão comigo desde a minha infância. Muitas pessoas elogiam minha presença, amizade e afeto, porém, não enxergo valor em mim, na maioria das vezes vejo apenas os monstros, a Aline sendo "manipulada" por eles, vejo apenas crueldade. No ápice do meu desespero, após as acusações e condenações, percebo tudo muito límpido ao meu redor e disso concluo:
Mesmo que o poeta tenha me pedido pra deixar Junho para São João, eu não posso deixar de lado minhas crises existenciais. Elas vêem, não importa a data. Há na minha mente um silêncio sepulcral. Minha visão torrencial transforma minha existência em pequenos fragmentos de quem desejei ser, parece que meus lábios não desejam o delicioso gosto de um milho verde. Parece que depois de 25 anos ele só almeja um café amargo. Parece que tudo invade meu corpo como demônios que se alojam sem pedir licença. Muitos viajantes pararam nesta estalagem, porém, nenhum quis transformá-la em lar. É difícil fazer morada em um corpo apodrecido. Não há nada nem ninguém que não tenha se aquecido em meu templo moribundo desejando tirar a pouca doçura que tinha. Todos se aproximam, todos dizem amar este templo, mas poucos o vêem assim, não passo de um ser intrigante cuja existência complexa desperta a curiosidade de mentes depravadas e cruéis. Tu és mais um ser que se aproximasse para me observar, medir, pesa