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Eu costumava sorrir em dias de sol

Sempre achei que aos 25 eu estaria morando na minha casa, vivendo do meu trabalho. Porém, a gente se engana na vida. Eu fracassei, é a sentença que ecoa em minha mente.  A sociedade cobra muito da gente, e nosso meio familiar e social está inclinado a fazer essa cobrança. Contudo a conta é muito alta e o saldo é sempre inferior ao débito. Eu vivo sendo cobrada por todos. Ninguém está insento de me fazer tal cobrança, é tão espontâneo que eles nem percebem. Os dias vão se arrastando e depois de ser tão questionada vou desenvolvendo monstros dentro de mim, a psicologia chama de transtornos e eles são bem presentes em minha vida, estão comigo desde a minha infância.  Muitas pessoas elogiam minha presença, amizade e afeto, porém, não enxergo valor em mim, na maioria das vezes vejo apenas os monstros, a Aline sendo "manipulada" por eles, vejo apenas crueldade. No ápice do meu desespero, após as acusações e condenações, percebo tudo muito límpido ao meu redor e disso concluo:
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É junho

Mesmo que o poeta tenha me pedido pra deixar Junho para São João, eu não posso deixar de lado minhas crises existenciais. Elas vêem, não importa a data. Há na minha mente um silêncio sepulcral. Minha visão torrencial transforma minha existência em pequenos fragmentos de quem desejei ser, parece que meus lábios não desejam o delicioso gosto de um milho verde. Parece que depois de 25 anos ele só almeja um café amargo. Parece que tudo invade meu corpo como demônios que se alojam sem pedir licença. Muitos viajantes pararam nesta estalagem, porém, nenhum quis transformá-la em lar. É difícil fazer morada em um corpo apodrecido. Não há nada nem ninguém que não tenha se aquecido em meu templo moribundo desejando tirar a pouca doçura que tinha. Todos se aproximam, todos dizem amar este templo, mas poucos o vêem assim, não passo de um ser intrigante cuja existência complexa desperta a curiosidade de mentes depravadas e cruéis. Tu és mais um ser que se aproximasse para me observar, medir, pesa

Devaneios sobre o amor

Ninguém vem ao mundo para amar duas vezes. Sou uma mulher moderna, com concepções progressistas, mas que não avançou muito no discurso amoroso. Eu não sei bem o que dizer sobre o amor, como ele é, como acontece. Mas é fato que eu não acredito que esse burburinho sobre afetos entre dois seres pode ser chamado de amor.  Aprendi com Jane Austen que ele ultrapassa barreiras, está para além das convenções. Shakespeare me mostrou que ele supera a própria vida. Com eles  aprendi que o amor é construção. Com meus erros aprendi que ele não é suficiente se algo te faz perder a razão. Ninguém ama duas vezes, ninguém acredite nessa loucura. É demasiado romântico pensar, mas o que é que tem?  As pessoas perderam o romance, acham piegas. Os livros acadêmicos emburrecem o amor, a tecnologia o esfriou... Parece que o amor está fora de moda. É cômico amar, é até vergonhoso para quem ama. Eu não tive minha chance no amor, e por muito quis ser o amor de alguém, mas nem tudo na vida é fácil. Às veze

Amor putrefato

Quando percebemos que não significamos mais. É duro aceitar que o afeto não foi suficiente, que a vida encarregou-se de confundir. Meu corpo não mais será tocado. Todo prazer deve ser dele apartado. Já não há esperanças para plantar em meu jardim. Em meu quarto há uma perene escuridão, e nela me afogarei. Não, Tchay! Não há mais motivos para ouvir tuas concertos! Não enxergo o amor que me apresentasse um dia! Hoje só há essa dor que assola meu peito. As emoções me agarrou por trás, prendeu-me o fôlego e fugiu. Percorri um árduo caminho. Chorei duras lágrimas. Senti falta dos sorrisos sinceros. Da esperança que havia em teus olhos. Ansiava por um beijo, mas nem carinho recebi. Acusou-me de coisas terríveis, que nem se quer pensei. Se apaixonar por uma luz ofuscada pela dor, não é fácil. Os vermes secam só de alcançar o aroma putrefato desse sentimento. Nefasto sorriso deu-me. Horrendo e fracassado desejo, roubaste o viço desta jovem que chora estas palavras. Chamou-me.

Sobre o medo

Disseram-me que o medo nos protege. Descobri, recentemente, o equívoco dessa afirmativa. O medo não é uma espécie de proteção. Como pode algo que nos anula nos proteger? O medo nos expõe, muitas vezes ao ridículo. Ao mais vergonhoso traço de nossa personalidade. Nunca vi alguém que vive com medo estar livre da humilhação resultante de seus atos. Nunca senti verdade no olhar de quem tem medo. Quem tem medo se esconde, pelo risco da vulnerabilidade. Não insistam em me dizer que o medo nos faz bem. Não falo daquele medo de percorrer - sozinha - estradas desconhecidas. Falo desse medo de falar sobre os nossos sentimentos. Falar do que sentimos, de fato. É muito difícil, é muito cruel. Quem quer dizer que transa por desejo, quando só transa por amor? Nossos jovens são cruéis. Mataria a alma daquele que assume tal narrativa. Então, não venham me dizer para não ter medo! Eu tenho medo! Sou medrosa mesmo! Tenho medo de encarar o amor, me camuflo numa postura confusa que não

Num bosque sem luz

Não se trata de uma confissão. Mas eu só queria um sorriso sincero neste dia. Eu precisava olhar aqueles olhos. Ansiava saber dos desejos dele. Como posso ser tão tola? Acreditar em um maldito qualquer. Esperar que as pessoas vejam além de uma sombra fabricada. Deveria não doer nada, mas aquela horrenda atitude me tirou dos eixos. Eu olhei pra você, seu maldito. Sua atitude foi vil, estúpida, covarde... Em uma floresta encantada, solitários, você quis meus olhos. Ao andar num bosque repleto de duendes, você recusou meu riso. Oh, pobre coitado... Forasteiro e malfadado amor, és mais que um belo sorriso... És o cheiro da putrefação dos t eus desejos.

II

Eu estava distante. Vi o futuro numa borra de café. Que diferença faz? O duende está, mas é como se não estivesse. E como se a bruta flor fosse velada pela sobriedade do olhar. Arranca! Tire de ti o pudor. Lança-te no fati . Essa embriaguez não é para ti, nua. Duende perverso, saia pela janela que abri. Foge! Revela a todos a vulnerabilidade. Eu fujo do medo de vê-lo indo. Não me obrigue. Permita-me um último toque. Adeus, disse. Meu maldito e miserável coração profanou. Ele se fez presente na eminência da tua ausência. Nada impediu, largado pela frustração. Abriu a porta. Entrou. Fechando-a... Sorriu contente. Nem saudade sentiu.