Mesmo que o poeta tenha me pedido pra deixar Junho para São João, eu não posso deixar de lado minhas crises existenciais. Elas vêem, não importa a data.
Há na minha mente um silêncio sepulcral. Minha visão torrencial transforma minha existência em pequenos fragmentos de quem desejei ser, parece que meus lábios não desejam o delicioso gosto de um milho verde. Parece que depois de 25 anos ele só almeja um café amargo. Parece que tudo invade meu corpo como demônios que se alojam sem pedir licença.
Muitos viajantes pararam nesta estalagem, porém, nenhum quis transformá-la em lar. É difícil fazer morada em um corpo apodrecido. Não há nada nem ninguém que não tenha se aquecido em meu templo moribundo desejando tirar a pouca doçura que tinha.
Todos se aproximam, todos dizem amar este templo, mas poucos o vêem assim, não passo de um ser intrigante cuja existência complexa desperta a curiosidade de mentes depravadas e cruéis. Tu és mais um ser que se aproximasse para me observar, medir, pesar, julgar e considerar imprópria para o amor?
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