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É junho

Mesmo que o poeta tenha me pedido pra deixar Junho para São João, eu não posso deixar de lado minhas crises existenciais. Elas vêem, não importa a data.

Há na minha mente um silêncio sepulcral. Minha visão torrencial transforma minha existência em pequenos fragmentos de quem desejei ser, parece que meus lábios não desejam o delicioso gosto de um milho verde. Parece que depois de 25 anos ele só almeja um café amargo. Parece que tudo invade meu corpo como demônios que se alojam sem pedir licença.

Muitos viajantes pararam nesta estalagem, porém, nenhum quis transformá-la em lar. É difícil fazer morada em um corpo apodrecido. Não há nada nem ninguém que não tenha se aquecido em meu templo moribundo desejando tirar a pouca doçura que tinha.

Todos se aproximam, todos dizem amar este templo, mas poucos o vêem assim, não passo de um ser intrigante cuja existência complexa desperta a curiosidade de mentes depravadas e cruéis. Tu és mais um ser que se aproximasse para me observar, medir, pesar, julgar e considerar imprópria para o amor?

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I

Quê procuras? Minha voz. Outrora aguda se expandia dentro de mim e agora se esconde em tua presença. Diante de nós, nestes momentos impertinentes, minha voz fica latente na caverna, ecoa de maneira solitária. Quê é vida consentida? Silêncio. Minha voz não existe. Aprendi que o silêncio é meu melhor. Você "enxerga" todo barulho capaz de deixar meu corpo mudo. Mas, ignoras e adentra um terreno que não foste permitido. Por que não entrar? O incômodo é inconsciente, não sei por qual janela sair. Sempre entrego minhas viagens aos elfos, mas eles parecem não querer. E tu chegas, como um duende do mal e entra sem ser convidado. Será algo mau resolvido em vidas passadas? Não sei. Eu tenho medo de você em alguns momentos. Parece que você me conhece como um artista conhece sua arte. Você me tem nas entrelinhas de suas mãos, porém, não sabe o que fazer. Me diz o que pensas? Não. Você não vai gostar de saber. Eu me calo. Eu aceito. Mas não consenti que &qu

II

Eu estava distante. Vi o futuro numa borra de café. Que diferença faz? O duende está, mas é como se não estivesse. E como se a bruta flor fosse velada pela sobriedade do olhar. Arranca! Tire de ti o pudor. Lança-te no fati . Essa embriaguez não é para ti, nua. Duende perverso, saia pela janela que abri. Foge! Revela a todos a vulnerabilidade. Eu fujo do medo de vê-lo indo. Não me obrigue. Permita-me um último toque. Adeus, disse. Meu maldito e miserável coração profanou. Ele se fez presente na eminência da tua ausência. Nada impediu, largado pela frustração. Abriu a porta. Entrou. Fechando-a... Sorriu contente. Nem saudade sentiu.

Nova Era

Eu vi... Eu vi homens progredindo, vi sua evolução. Zombando da crença, vi sua devoção. Ouvi um zumbido, acho que eram Sapiens . Ouvi dizer que eles evoluíram. Olhei o mundo, do alto de uma montanha. Não havia companhia, nem som. Eu olhei sozinha. Eu olhei... Imersa na intelectualidade profana, vi a evolução. Enxergava um punhado de palavras. Mas, não compreendia nada, que não fosse belo. Escutei um grito, esculpi um riso. Foi tu, que regressasse... Foi tu que progrediu. Já nem sei mais o que falo. Andasse perturbada com o meu olhar. Andei embaraçada com o teu caminhar. Minha flor não me julgue. Essa é a minha vocação. Meu prazer é belo, e contigo compartilharei. Eles evoluíram, já não são Sapiens . Há tempos procurei um nome para o que vi. Mas não encontrei. Tem uma aparência humana, mas falam de algo que não sei. Olhei o mundo, do alto de uma montanha... Os cães ladravam, mas "do nada" falavam.