Ali sentada em seu trono furtado, ela fumava a última centelha de cigarro.
Toda brasa aquecia seu abdômen, toda água que caia, levantava as labaredas.
Sorrisos vazios ela sentia, o 'não-ser' de sua tristeza, nada lhe dizia.
A linda Ana não gostava de sorrir, sempre que estava com medo ou preocupação, ficava em silêncio.
As águas de julho caiam como se ainda fossem o "dilúvio bíblico".
Ana escrevia, tomava um café e fumava mais uns tantos cigarros.
A vizinhança estava silenciosa como se todos dormissem por medo da chuva, mas, ela sabia que era apenas o frio, vertido em um sentimento de preguiça.
A pequena Ana não se sentia solitária, mas naquele momento queria ouvir uma risada vazia e ver um olhar perdido.
Poderia ser do vizinho, ou até mesmo sua imagem refletida no espelho.
Mas...
Sabemos que Ana não sorria.
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